Acorrentar o filho de 15 anos pelos pés e pelas mãos. Essa foi a única maneira que a dona de casa Luzia Ferreira da Silva encontrou para afastar o adolescente do mundo das drogas e do crime. O caso aconteceu na cidade de Cláudio, região Centro-Oeste de Minas. O jovem já teria roubado o celular da mãe e do irmão mais novo para conseguir crack, além de ter sido detido várias vezes pela Polícia Militar praticando atos de vandalismo e furto.
O adolescente estava com as mãos e os pés presos por uma coleira de cachorro e uma corrente com cadeado. Durante uma semana ele ficou preso em um cômodo nos fundos da casa onde mora. Desesperada, Luzia da Silva explica que já tentou conversar com o filho, buscou ajuda, mas o jovem tem causado muitos problemas e se recusa a largar o vício. “Meus outros filhos pediram para que eu colocasse ele para fora de casa. Mas eu não tenho coragem. Se ele ficar só na rua, vai acabar morto. Então preferi prender ele em casa. Não tem outra maneira de manter ele longe do crime e das más influências. Ele já vendeu até as próprias roupas para comprar droga”, afirma.
Somente no final de 2008, o rapaz já havia sido apreendido em flagrante três vezes, uma delas pelo arrombamento, incêndio e furto à uma escola municipal. A PM chegou até a casa onde o jovem estava através de denuncias anônimas. Os militares arrebentaram as correntes e libertaram o adolescente, que foi encaminhado para o Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia. Após ser atendido, ele foi levado à delegacia para prestar esclarecimentos.
Reprodução/TV Alterosa |
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Jovem foi preso também pelos pés |
Luzia da Silva foi presa em flagrante. Ela responderá em liberdade pelo crime de cárcere privado. O adolescente permanece na delegacia, onde aguarda a decisão do Conselho Tutelar sobre o seu destino.
Lagoa da PrataAinda na região Centro Oeste de Minas, a 100 quilômetros de Cláudio, no município de Lagoa da Prata, uma adolescente de 15 anos foi acorrentada pela mãe, que buscava uma maneira de manter a filha longe “das más campanhias”. Simone Aparecida Bernardo conta que, muitas vezes, a menina dorme fora de casa, sem avisar. Ela também estaria com problemas na escola. “Já buscamos ajuda no Conselho Tutelar, mas eles nunca fazem nada. Então acorrentei os pés dela porque assim ela não sai de casa. Ela anda pela casa toda, mas fica com vergonha de sair na rua com as correntes arrastando pelo chão. Dessa maneira, sei onde minha filha está e ela não fica andando com más influências, que tem trazido muitos problemas para toda família”, explica.
O conselheiro tutelar Nelson Bernamino afirma que a jovem já passou por muitos programas sócio educativos, mas nunca chegou a concluir nenhum deles. “A própria adolescente viola seus direitos. Não participa dos programas e não podemos obriga-la”, diz.
A terapeuta Eliana Pereira Inácio ficou sabendo do caso e ofereceu ajuda. Após uma longa conversa, a jovem aceitou ser levada para uma clínica, onde receberá tratamento adequado. “Quando ela escutar a história dela contada por outros adolescentes e puder também falar sobre seus sentimentos, certamente perceberá o que tem feito de errado. Vamos apoia-la nesse momento tão delicado”, finaliza.
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