Adolescente morre com suspeitas de overdose em Samambaia
Uma adolescente de 15 anos morreu na madrugada de ontem em Samambaia, segundo a polícia, com sintomas de overdose. A vítima se chamava Tamyris de Araújo Figueredo. Ela deu entrada no Hospital Regional de Samambaia (HRSam), por volta das 4h, sem vida. Os amigos que a socorreram disseram que ela teve alucinações, vomitava muito e estava com a boca espumando. Os indícios levam a crer que a jovem, provavelmente, consumiu cocaína, mas o laudo que comprovará a causa da morte da menina deve sair em 30 dias.
Segundo informações da Polícia Civil, Tamyris estava em casa, na QR 429 (expansão de Samambaia Norte), quando uma amiga, identificada como Dinamara, de 18 anos, bateu no portão e a convidou para sair com outros dois colegas. Tamyris era a única menor do grupo. Em depoimento na 26ª Delegacia de Polícia, eles disseram que pretendiam ir para um bar localizado na Avenida das Palmeiras, em Taguatinga. Antes, porém, a moça teria pedido para que eles passassem na QR 419 onde estava ocorrendo uma "festa".
Ambiente pesado
Ao chegar no local, em uma esquina próxima a uma madereira, a adolescente se deparou com outros amigos, conforme depoimento dos jovens que a pegaram em casa. "Eles disseram que não conheciam as pessoas, mas que a Tamyris insistiu para ficar e, por isso, a deixaram sozinha no local porque o ambiente estava pesado", contou o delegado de plantão da 26ª DP, João Tarcísio Souza. Os três teriam ido para o bar e combinado de pegar Thamyris na mesma rua em torno das 4h.
Ao retornar, o grupo viu que Tamyris estava caída próximo de um meio fio e passando mal. Para o ex-namorado da menina, Everton dos Santos, de 24 anos, a história não está bem contada. "A Tamyris nunca iria deixar um amigo para ficar com outros. Se ela sai contigo, ela volta contigo", revelou ele à reportagem do Jornal de Brasília. Todos os vizinhos da adolescente concordaram. Segundo eles, a mãe de Tamyris não gostava de algumas amizades dela e sempre a aconselhava e tentava impedir que a filha saísse, mas não tinha jeito.
Namorado estranha
O ex-namorado afirma que esteve na casa da adolescente por volta de 1h. "Eu tinha ligado às 15h e ela me disse que ia escovar os dentes e tomar banho e depois não consegui falar mais", contou Everton. O rapaz contou que tinha o costume de assobiar no portão da casa dela para que ela saísse para a rua. "Eu estranhei porque desta vez ela não saiu, mas fui embora", relatou .
Segundo a tia da vítima, que se identificou apenas como Rose, Tamyris tinha parado de sair para festas há quase dois meses. Horas antes de sair de casa, a menina disse para a tia que não iria mais se envolver com coisas erradas. "No sábado, ela me disse que estava disposta a sair dessa vida", disse Rose. Tamyris era a mais nova de três irmãs. As outras têm 23 e 24 anos. Elas não quiseram falar com a imprensa.
Quando tinha 14 anos, a jovem foi presa por pegar o carro do tio escondido para sair. Sem saber que era a sobrinha que tinha pegado o carro, ele registrou ocorrência e a menina acabou detida. "Ela estava descobrindo esse mundo agora por causa de algumas amizades", disse a melhor amiga da vítima,Maria Euzivânia Sales, de 22 anos. Maria era a única pessoa que a mãe deTamyris gostava de receber em casa. "Eu não bebo, não fumo e não uso drogas. Quando era mais nova passei por isso, mas vi que essa vida não era para mim", disse ela.
De acordo com Maria, Tamyris não queria ser careta. "Para não ser brega tem que beber e usar droga. Eu não fazia nada disso e então nunca tinha vaga no carro para eu ir para as festas", explica ela. Tamyris parou de estudar na 5ª série há cerca de três anos e, atualmente, trabalhava como manicure em um salão de beleza da tia. "Este ano ela pretendia voltar a estudar. Era uma menina maravilhosa. Todo mundo gostava dela aqui na rua", disse a amiga Maria Euzivânia.
Área perigosa
O local onde a adolescente foi encontrada passando mal (QR 419) é rodeado por mato e lixo. Segundo os moradores, não é raro ver pessoas fazendo sexo, traficando ou usando drogas pela área. "Sempre tem algum grupo por aqui de noite", revelou um morador da rua. Ele, no entanto, não lembra de ter ouvido algum barulho ou movimentação diferente na madrugada de ontem.
Segundo o delegado João Tarcísio, o próximo passo é descobrir quem estava com Tamyres antes de morrer. Na avaliação do delegado, ainda é prematuro afirmar que a jovem morreu mesmo por overdose. "Embora os indícios apontem para isso, a overdose por agora é apenas uma suposição. Temos que esperar a conclusão do laudo do Instituto Médico-Legal (IML)", pondera ele.
O resultado dos exames deve ficar pronto em 30 dias. Caso a suspeita se confirme, a pessoa que entregou o entorpecente será responsabilizada. "Quem forneceu a droga para ela vai responder por tráfico de drogas, cuja pena pode ir de 5 a 15 anos de prisão e com agravante dela sermenor", ressaltou o delegado.
Da redação do Jornal de Brasília