Durval confirma esquema no DF e diz que se autoincriminou ao delatar caso
MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
Delator do esquema de corrupção que devastou o governo José Roberto Arruda (sem partido), Durval Barbosa afirmou nesta terça-feira à CPI da Corrupção da Câmara Legislativa do Distrito Federal que se autoincriminou ao trazer o caso à tona e cobrou os depoimentos do ex-governador e do ex-vice-governador Paulo Octávio (sem partido).
O delator disse que não se orgulha de ter entregado o esquema. "Futuramente a gente verá isso com mais clareza. Mas nunca vou me orgulhar disso, porque hoje eu sou um preso, sou mais preso do que quem está encarcerado, pode ter certeza disso", disse.
Questionado se mantinha seus depoimentos sobre o sistema de distribuição de propina, Durval afirmou que sustenta suas declarações. O delator disse ainda que as investigações estão andando.
"Ratifico todos os depoimentos prestados no Ministério Público Federal, na Polícia Federal e no Ministério Público local. A coisa está andando, está evoluindo e é bom a gente ficar por aqui", afirmou.
Em depoimento ao Ministério Público, Durval afirmou que Arruda recebeu R$ 3 milhões em propina do setor de informática. "Arruda aceitou receber somente R$ 3 milhões", afirmou.
Ele disse ainda que Paulo Octávio seria beneficiário do esquema e teria recebido 30% das propinas recolhidas para aprovar o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF.
Durval afirmou ao Ministério Público que entregou a Paulo Octávio pelo menos R$ 200 mil em uma das suítes do Hotel Kubitscheck Plaza, que pertence ao grupo do vice-governador.
O delator ainda gravou vídeos de políticos, assessores e empresários recebendo dinheiro de suposta propina, além de executivos, especialmente do setor de informática, negociando valores do suposto desvio de dinheiro público.
CPI
Após quatro meses sob proteção da Polícia Federal, Durval apareceu em público hoje pela primeira vez. Ontem, o TJ (Tribunal de Justiça) do Distrito Federal concedeu um habeas corpus para o delator ficar calado na CPI.
O depoimento de Durval é o primeiro interrogatório da CPI, que já trabalha desde 11 de janeiro. Essa é a segunda tentativa dos deputados de ouvi-lo sobre o esquema que envolve o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido), o ex-vice-governador Paulo Octávio (sem partido), deputados distritais e empresários.
Na primeira, o delator pediu o adiamento alegando que poderia ser prejudicado, por causa da desorganização política da Casa e também porque seus advogados ainda tomavam conhecimento de seus processos.
Ele é alvo de 30 processos na Justiça do Distrito Federal e negocia a delação premiada nesses casos com o Ministério Público em troca de contar o que sabe sobre o esquema de arrecadação e pagamento de propina.
A CPI da Corrupção aprovou na semana passada um requerimento pedindo a remarcação de depoimentos de empresários suspeitos de participação no esquema de corrupção para depois da oitiva de Durval.
Serão ouvidos no dia 5 de abril os empresários Gilberto Lucena, da Linknet, Ricardo Pechis, da Adler, e Maria Bonner, da TBA. Segundo investigações do Ministério Público, as empresas são acusadas de terem firmado contratos superfaturados com o governo.
Data de Públicação:30/03/2010 - 11h09
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Fonte: Folha Online|Disponivel em:http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u714032.shtml
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