Especial: Morte Michael Jackson, aos 50 anos.
Michael Jackson morre aos 50 anos
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A trajetória musical de Michael Jackson
O artista imprimiu o nome na história da música com 40 anos de carreira.
A mistura singular de soul, funk e rock tornaram Michael Jackson o maior artista do pop no mundo.
Além da música, a astúcia do artista para os negócios e a compreensão intuitiva sobre o mercado da música permitiram ampla divulgação e promoção dos seus talentos. Também por conta disso, ele vendeu milhões de álbuns e quebrou diversos recordes na indústria do entretenimento.
Com a presença vocal de artistas como Marvin Gaye e Stevie Wonder e a os movimentos de dança tão peculiares quanto os de James Brown, o sucesso de Michael Jackson ultrapassou fronteiras nacionais e raciais.
O primeiro passo do artista no mercado da música aconteceu em 1968, com a assinatura do contrato do grupo Jackson Five - formado por Michael e quatro de seus irmãos - com a gravadora Motown. Na época do lançamento do primeiro single, o artista tinha apenas 11 anos de idade.
O grupo se tornou o primeiro da história da música pop a ter quatro singles em primeiro lugar nas paradas de sucesso com as faixas I Want You Back, ABC, The Love You Save e I'll Be There.
Não demorou para que Michael Jackson se tornasse o centro das atenções e superasse o sucesso dos irmãos.
Ascenção
Mas foi em meados da década de 70, enquanto Michael trabalhava no musical The Wiz â uma versão de O Mágico de Oz com elenco de atores negros, que ele conheceu o homem que o tornaria uma estrela e mudaria o mundo da música pop.
O produtor musical, compositor e arranjador Quincy Jones, autor de hits para artistas como Frank Sinatra e Aretha Franklin, transformou o talento do artista e ajudou na criação de um novo estilo musical.
A primeira colaboração entre os dois foi o álbum Off the Wall, de 1979. O disco foi o primeiro a ter quatro hits de um único artista entre os 10 primeiros sucessos da parada musical. Além da faixa título, Don't Stop Till You Get Enough, Rock With You e She's Out of My Life conquistaram o mercado da música.
Quatro anos mais tarde foi a vez de Thriller â o álbum que definiria a carreira de Michael Jackson. Sete das nove faixas que traziam uma mistura de disco, R&B e funk se tornaram hits e transformaram o disco no álbum mais vendido de todos os tempos, com pelo menos 65 milhões de cópias vendidas.
Foi também com Thriller que Michael Jackson imprimiu seu nome na história dos vídeo clipes. Depois de ter experimentado o meio com Off the Wall, Jackson elevou o vídeo clipe a um novo patamar.
O vídeo, de 14 minutos, custou cerca de U$ 500 mil e trazia efeitos especiais de última geração. Foi a partir de Thriller que a produção de um vídeo clip de sucesso se tornou uma espécie de obrigatoriedade para a carreira de qualquer estrela do pop. O vídeo também abriu as portas para a música negra no canal de televisão dedicado à música MTV.
Além do sucesso da carreira solo, Jackson também gravou uma série de duetos com Paul McCartney, que havia assinado uma das faixas de Off The Wall. Os dois realizaram diversas parcerias em discos e lançaram diversos hits como Say, Say, Say.
Fenômeno
O relacionamento entre os dois começou a se deteriorar em 1985, depois que Michael Jackson arrematou em um leilão, os direitos do catálogo da ATV, que incluía os direitos sobre sucessos de mais de 250 músicas compostas por John Lennon e Paul McCartney. A aposta do músico para a compra do catálogo superou a do próprio McCartney, assim como a de Yoko Ono.
No mesmo ano, o single We Are The World, parceria entre Jackson e Lionel Ritchie atingiu o topo das paradas de sucesso nos Estados Unidos.
O fenômeno Michael Jackson parecia invencível até 1987, com o lançamento de Bad, o terceiro e último disco da parceria com Quincy Jones.
O disco fez cinco hits, incluindo Man in the Mirror e Dirty Diana, e também rendeu um vídeo de 17 minutos, dirigido por Martin Scorcese, para promover a faixa-título e uma turnê de um ano que se tornaria a mais lucrativa da história até aquele momento.
No album seguinte, Dangerous, de 1991, Michael trouxe uma música mais crua do que os discos anteriores.
O encanto em torno do artista continuou, com hits como Heal the World e Black and White, que se tornaram sucessos mundiais, apesar das manchetes nos tablóides e casos na Justiça que começavam a ameaçar a reputação do cantor.
Desencanto
Mas em 1995, a compilação HIStory, com sucessos consagrados e material novo do artista, fracassou em encantar o público com a mesma intensidade dos trabalhos anteriores.
O disco apareceu ligeiramente nas paradas de sucesso, apesar dos mais de U$30 milhões gastos em campanhas publicitárias â o maior orçamento já usado para promover um álbum.
A razão do fracasso â seja o comportamento polêmico do artista, a crescente especulação sobre sua vida pessoal ou apenas o desvio do interesse do público para ritmos como o rap e o hip-hop â permanece aberta ao debate.
Um faixa em particular â They Don't Care About Us, que fazia uma alusão aos judeus, causou ultraje em muitas pessoas, inclusive o amigo de longa data do músico, o diretor de cinema Steven Spielberg, que considerou a música antissemita.
A participação do artista na cerimônia de entrega no prêmio musical Brit Awards, em 1996, quando apareceu rodeado por crianças e por um rabino, parece ter sido o estopim para muitos. Nessa ocasião, o músico Jarvis Cocker, da banda Pulp, interrompeu a apresentação de Michael Jackson, invadiu o palco e abaixou as calças.
BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.Estresse por retorno aos palcos 'fez coração de Michael parar', diz amigo íntimo
Em entrevista à BBC, o guru Uri Geller falou da relação do cantor 'gênio incompreendido' com crianças e com a mídia.
O guru Uri Geller, amigo íntimo de Michael Jackson, disse nesta sexta acreditar que o estresse físico e mental em antecipação à "megatemporada" de 50 shows do cantor em Londres "fez o seu coração parar".
"Não sou médico, mas acho que isso fez o seu coração parar", disse Geller à BBC. "Essa turnê de 50 shows era simplesmente assustadora."
Michael Jackson havia anunciado que faria a partir do dia 13 de julho, em Londres, os últimos 50 shows de sua carreira. As apresentações em bloco, concentradas neste verão na arena O2, no leste da capital britânica, marcariam a volta de Michael Jackson aos palcos após dez anos sem realizar shows.
A última turnê havia sido entre 96 e 97, quando Michael fez 82 shows com o espetáculo "HIStory" em 58 cidades. Seu último álbum com material original foi lançado em 2001.
Nesta sexta-feira, o amigo do cantor disse acreditar que "a antecipação, os níveis de estresse, a ansiedade para o que viria em Londres" não foi saudável para o ídolo pop de 50 anos.
Uri Geller, que vive na Grã-Bretanha e teve Michael Jackson como padrinho de casamento, disse ainda que o cantor certa vez descreveu a si mesmo como "um homem muito solitário".
As declarações foram dadas a diferentes programas de rádio e televisão da BBC de sua casa em Sonning, no condado inglês de Berkshire.
Em uma das entrevistas, Uri Geller comentou a relação de Michael Jackson, que foi julgado sob acusação de abusar sexualmente de um garoto adolescente, com menores de idade.
Em outro momento, o guru falou sobre a conturbada relação do cantor com a mídia, afirmando que a imprensa e as tevês "adoravam" colocá-lo "em um pedestal", para em seguida "destruir o pedestal".
Leia a seguir o que Geller falou sobre vários aspectos da vida de Michael Jackson:
A megaturnê em Londres "Essa turnê de 50 shows era simplesmente assustadora â 50 shows para qualquer estrela, para qualquer superestrela, é algo imenso. Eu não entendo por que ele decidiu fazer isso consigo mesmo. Aparentemente ele queria provar para o mundo que ele é o número um, que ele ainda é Michael Jackson, que ele ainda poderia fazer um "Thriller", que ele conseguiria. E, sabe, acho que a antecipação, os níveis de estresse, a ansiedade para o que viria em Londres era tão grande, acho, que isso â bem, não sou médico â mas acho que isso fez o seu coração parar."
O 'gênio solitário' "A pessoa que eu conheci foi um gênio, foi um ícone, um ídolo, mas também um ser humano, um ser humano incompreendido. Eu nunca vou esquecer um dia em que ele estava aqui em Sonning, na minha casa. Nós estávamos sós na sala e eu olhei para ele e perguntei: 'Michael, você é um homem solitário?' Ele me olhou, e segundos e mais segundos se passaram, até que ele disse: 'Uri Geller, sou um homem muito solitário'. De certa forma aquilo disse tudo: ele era tão incrível, tão único à sua própria maneira, no que fazia, sua música, sua personalidade, a celebridade. A bizarrice, às vezes a estranheza nele"
A relação com menores "Em algumas ocasiões eu cheguei a gritar com ele, disse a ele para simplesmente não fazer coisas que eu achava que estavam manchando sua reputação â embora eu, em todos os anos que o conheci, nem por uma fração de segundo acreditei que algumas das acusações que estavam sendo levantadas contra eles eram verdadeiras. Mas ele era uma criança e não entendia essas coisas. Quando eu disse a ele furiosamente 'Michael, você não pode trazer crianças para a sua cama', ele apenas olhou para mim e⦠bem, ele era uma criança de coração, preso em um corpo de adulto."
A relação com a mídia "O mundo inteiro sabia de Michael Jackson. Ele era um bom pai. Muitas vezes eu estive presente quando ele estava com as crianças, e ele era humilde, era carinhoso, era generoso, mas sim, era incompreendido. A imprensa adorava destruí-lo, a mídia o colocava em um pedestal e depois destruía o pedestal. Portanto⦠sim, ele era muito polêmico, ele viveu um inferno, viveu um inferno muitas vezes, especialmente durante o caso na Justiça e com tudo o que estava sendo dito sobre ele."
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Michael Jackson:
Nasceu em 1958
Morreu em 2009
Aos 50 anos
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